Este blog tem o propósito de estimular discuissões sobre a cultura popular, especialmente os temas da música caipira e do circo, este último nas suas expressões teatrais (circo-teatro) e na figura do palhaço. Embora esses sejam os temas principais por terem sido objetos das minhas pesquisas acadêmicas, o espaço está aberto para a discussão de outros temas ligados ao universo do popular, do folclórico e das hibridizações entre as culturas erudita, popular e de massa.
Assim, o conceito de cultura popular, aqui, mantém um caráter difuso, abarcando necessariamente o conceito de hibridização cultural, defendida por diversos teóricos, entre eles Mikhail Bakhtin, Carlo Ginzburg e Peter Burke. Entende-se a cultura popular como sendo intermediária entre as manifestações folclóricas e a cultura de massa, agregando formatos de uma certa indústria do entretenimento mas trabalhando elementos discursivos de uma cultura rústica, de origem rural. É portanto, um fenômeno de fronteira. Surge nas cidades e se fixa em áreas suburbanas.
Ela guarda o fermento do processo de hibridização que irá guiar a formação da cultura massiva. Esse processo envolve a negociação simbólica e se firma por meio da hegemonia de discursos dentro da lógica da cultura de massa: ampliar seus sentidos para um contingente cada vez maior de pessoas. Embora a massa seja complexa e heterogênea, esse processo cultural adapta discursos para conquistar o gosto da maioria. Assim, desfaz-se a idéia da escola crítica (Escola de Frankfurt) de que a massa simplesmente consome aquilo que a indústria produz e oferece, legando-lhe o papel de ator social no processo de hibridização e hegemonia cultural. São as "brechas" dentro da lógica da indústria cultural, como define o teórico Jesús-Martín Barbero.
